segunda-feira, 23 de maio de 2011

A Benzedeira

Rita explicava a Camilo que ela acredita em misticismos porque existem mais coisas entre o céu e a terra do que podemos imaginar.
_ Nesta tarde visitei uma benzedeira, para que seu poder nos proteja.
- Nunca faria isso, você sabe? Quando tiver alguma dúvida assim, consulte a mim, ninguém melhor que eu para esclarecer tudo. E veja bem, você não deve se expor por esses lugares, a cidade é pequena e podem te ver e sem pensar nas conseqüências contar a seu marido.
-         Não te preocupes, a ruazinha fica em um lugar tranqüilo?
-         Acreditas tanto assim no poder dessa mulher?
-         Sim , acredito.
Então Camilo antes de repreendê-la, recordou que ele quando criança também acreditava em coisas parecidas com isso, como por exemplo, lobisomem, cuca, mula sem cabeça, então ele pensou que a crença dela poderia ser parecida com a que ele tinha quando pequeno.
Vilela e Camilo eram amigos de infância, Vilela estudou formou-se e Camilo que não tivera a presença do pai resolveu não estudar, mas sua mãe mulher bem relacionada com as autoridades lhe arranjou um emprego público. Depois de estudar Vilela retornou a sua pequena cidade, casou-se com Rita; Camilo os ajudou a encontrar uma casa para morar.
Os dois amigos encontravam-se freqüentemente e com isso Camilo foi aproximando-se de Rita. Pouco tempo depois já estavam envolvidos, sem se preocuparem com o Vilela. Ao falecer a mãe de Camilo, Rita sentiu-se incumbida da missão de confortá-lo e assim cada vez ficavam mais próximos. Tinham muita afinidade, gostavam das mesmas coisas, iam juntos as festas da comunidade, enquanto Vilela somente se preocupava com seu escritório que estava indo de mal a pior.
Camilo até tentou ter um pouco de consideração com seu amigo, mas Rita não fazia a mínima questão de se afastar do amante. A vizinhança já comentava, foi então que Rita resolveu ir até uma benzedeira famosa daquelas bandas.
Vilela que embora fosse descansado, não era bobo, logo percebeu algo estranho entre ele e a esposa, ficou sabendo dos boatos e a cada dia se mostrava mais distante. Até que conseguiu ter certeza do que estava acontecendo. Neste momento não pensou em outra coisa a não ser se vingar do agora inimigo, Camilo.
Conforme era comum, praticamente todos os homens tinham o hábito de andar armados, Vilela não era diferente. Resolveu marcar um encontro com Camilo, este pegou sua motocicleta e dirigiu-se até a casa do casal, no caminho deu-se conta do perigo que correria, mas não desistiu foi mesmo assim. Na estrada que se apresentava em péssimas condições, foi necessário que Camilo aguarda-se um trator que era manobrado exatamente na estrada estreita onde teria que passar, a espera fez aumentar seu nervosismo e seu medo.
Minutos depois pode prosseguir, porém antes de ir a casa de Vilela resolveu ir até a benzedeira que era ali pertinho. Chegando lá pediu que esta o benzesse para que ele ficasse protegido de qualquer mal. Camilo seguiu para a casa de Rita , estava menos ansioso agora já notara melhor a paisagem que o rodeava como já era noite podia até ver as estrelas que começavam a brilhar no céu.
E sem muita demora chegou a casa de Vilela, desculpou-se pela demora e o amigo continua com sua feição fechada, levou Camilo até a sala, onde este pode ver sua amada caída no chão toda ensanguentada, certamente morta _pensou ele_ e este foi o mesmo fim do amante. Acabaram os dois mortos e Vilela perdera de vez seu escritório e fora preso.

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